Vale Tudo?

Tal como aconteceu com a invasão do Iraque, o debate sobre os voos da CIA está inquinado desde o princípio. Aos que diabolizam Bush e a América respondem os que consideram inadmissível que se questione a legitimidade moral dos nossos aliados históricos do outro lado do Atlântico. Não me revejo em nenhum dos campos, mas há alturas em que é preciso dizer basta! Não há ameaça terrorista que justifique o facto de os EUA manterem centenas de prisioneiros em Guantanamo há mais de quatro anos, sujeitos a todo o tipo de torturas e sem expectativa de um julgamento justo. Nestas condições, estou certo de que eu próprio confessaria, sem grandes engulhos, o assassinato de 45 judeus, 100 americanos e vinte ursos do Alaska. E não me venham dizer que não é repugnante que a CIA tenha prisões ilegais espalhadas pela Europa ou que Portugal seja conivente com o transporte de prisioneiros de guerra, simpaticamente classificados como "combatentes ilegais" e sujeitos a "procedimentos alternativos" de interrogatório. Combater a barbárie com a barbárie é o caminho para a perpetuação do terror e o exemplo do Médio-Oriente prova-o. Estou realmente farto da retórica dos que chamam anti-americanos a todos os que criticam o senhor Bush e os seus falcões de guerra. O mundo não é a preto e branco.