quarta-feira, setembro 13

Vejamos bem isto.

Não creio que os sportinguistas (aqui quero dizer todos e cada um deles) tenham bem a noção do que se passou há bocadinho. O Sporting foi sempre, e ontem também, a equipa mais digna de todo o mundo. Daí tanta tragédia. Sempre que for necessário jogar bem, o Sporting jogará quatro vezes melhor que isso, e perderá sempre. Ontem, por alguma razão ganhou o jogo. Ganhou a primeira vez ao Inter e a primeira vez a uma equipa grande do estrangeiro. Ainda não sabem o que é o saborzinho de eliminar um grande, é certo. Mas aqui aconselha-se um passo de cada vez.

Porque não têm bem a noção do que se passou há bocadinho é que eu não estou preocupado como deveria estar. Se aquilo se tivesse passado com qualquer outra equipa do mundo que está a ir contra todas as regras de ganhar jogos (meter jovens do clube a jogar, gastar pouco em contratações, não exigir demissões na liga, ter aqueles jogadores portugueses todos) e que joga assim, eu já não dormia bem desde Julho, mas felizmente falamos do Sporting e sei que não me vão desiludir e vão tratar de se usar dos caminhos mais complicados para se tramar a si próprios.

O Caneira merece uma nota especial em jeitinho de conselho amigo. Que é pagar a renda vitalícia de metade do seu ordenado ao Toldo por aquela coisa maligna que ele chutou. Imaginemos o seguinte cenário plausível: O Caneira chutava aquela parvoíce que ele fez contra o Moretto. Resultado: o Moretto teria mergulhado em frente, mas de certo modo na direcção oposta da bola e para baixo, levantando-se imediatamente para a encontrar, o que só aconteceria cerca de sete, oito minutos mais tarde. No segundo seguinte o sportinguista médio, Caneira incluído, já estaria a gozar com o benfiquista mais próximo esquecendo-se imediatamente de tudo o que aconteceu antes. Ou outros cenários, como o Baía, que estaria mal colocado, a bola passar-lhe-ia por cima aparentando um frango, bola que seria sempre acompanhada pelos olhos do Baía (o Baía tem um pescoço rapidíssimo), de seguida correria em direcção ao fiscal de linha e talvez conseguisse mesmo anular o golo por fora-de-jogo. Podem continuar o exercício em vossas casas utilizando guarda-redes como o Quim, o Barthez, o Yannick, o Paulo Sousa.

Mas o Toldo, colocado no melhor sítio possível de Lisboa inteira, a voar primeiro numa direcção e depois, já no ar, na direcção oposta, e a dar uma patada naquela puta, e aquela encarnação do mal que o Caneira chutou bater no melhor sítio possível para um golo, que é a barra, e ser golo mesmo, e...

Metem nojo.