"Atrás da porta" é uma canção que de imediato exerceu sobre mim um fascínio muito particular. E esse exercicio mantém-se até hoje, mais de uma década depois de a ter ouvido pela primeira vez. A voz e a entrega da Elis Regina na sua suprema interpretação da composição de Francis Hime terão e têm, de facto, muito a ver com isso. Mas a verdade é que as palavras do Chico Buarque encontraram aqui uma melodia dificíl e uma harmonia levada da breca que, apesar disso, pontenciam ao cubo o impacto no ouvinte de cada sílaba, de cada suspiro, de cada silêncio. Esse mérito é do Francis...
A propósito de Francis, lembrei-me hoje de manhã ao ouvir o "Dig for fire" dos Pixies na Radar a caminho do trabalho que a primeira vez que li, captei e interiorizei o vocábulo "bossanova" foi na capa do albúm homónimo que o meu irmão havia comprado. Estavamos em Macau. Eu tinha para aí 12 anos. Aquele disco fascinou-me. O disco mesmo, o folheto, o design, o excelente trabalho gráfico. Da música nem é preciso falar. É imortal. E contudo amanhã não vou ver os Pixies no Pavilhão Atlãntico pois tudo aquilo já me cheira a operação de marketing e "cashing in on former glory" a mais para o meu gosto. Até já têm direito a promoção em horário nobre na RTP como os maiores éxitos do Demis Roussos, dos ABBA ou dos Oasis. Isto para dizer que naquela altura estava longe, muito longe da brasileirada toda que viria mais tarde a ouvir e amar. E a tocar. Ad nauseum. O que eu penei, por exemplo, para conseguir manusear os mais de 50 acordes do Atrás da Porta em tempo útil...
Pelo que vou ver o Francis Hime hoje à noite no Maxime e não vou ver o Black Francis amanhã.
quarta-feira, julho 19
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário