Tal como o camarada Escavisauro, também o meu primeiro contacto com a palavra "Bossanova" terá sido através do imortal álbum de Pixies, que ainda hoje ouço prazenteiramente. Tal como ele, também eu só mais tarde vim a descobrir que tal palavra, já transmutada em duas, significava um estilo musical novo (pelo menos para mim) e fascinante. Também como ele, Chico e Francis tiveram um papel preponderante para o nascimento desse fascínio. No entanto, por esses tempos, Francis Hime nada significava. Talvez porque, quando se é jovem, mais importante que a composição é a interpretação. Quiçá pelo imediatismo da coisa, que a reflexão sobre o mérito não é de fácil digestão, ou ainda, mais prosaicamente, porque é difícil memorizar muitos nomes novos, e então vai o do intérprete e não digas que vens daqui.
No fundo, o que eu queria dizer é que o Francis (o do Maxime) teve a sua quota parte de importância com o Meu Caro Amigo, apesar de, lá está, nessa altura ainda não o saber. Mas também não deixa de ser verdade que se alguém está a, citando, "cashing on former glory", é o Hime. Em horário nobre da SIC, aparecia, contente da vida, a tocar e cantar clássicos com 30 anos, mais coisa menos coisa. O que eu não acho mal, antes pelo contrário. Afinal, não se pode descurar, e muito menos apagar, o passado, quer o colectivo quer o de cada um.
Aliás, uma das melhores recordações que possuo de 2004 é, precisamente, o desfilar de velhos êxitos e não só num palco vagamente situado em Sacavém, sempre pensando que era o derradeiro concerto que me faltava ver. Apesar de tudo o que a organização fez para o tornar menos memorável (ou mais memorável, mas pelas razões erradas).
Tudo isto para dizer que amanhã (hoje, já) irei ver o Black ao Atlântico, mas apenas porque consegui um bilhete à pala. É a crise...
quarta-feira, julho 19
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