segunda-feira, agosto 20

Pisco Sour, um post de 7º dia

20/06/2005

"A animação que se poderia deixar adivinhar pelo seu nome é enganadora. A coisa mais animada que ocorre em Pisco, ao tempo da nossa visita, são 20 cachorros que ladram e correm atrás de uma cadela com cio em plena Plaza de Armas. É o principal tema de conversa na cidade..."


O lado norte da praça a que me referia no meu caderno de viagem era ocupado por uma insólita igreja neo-gótica que já não existe. Ruiu na passada 4ª feira, devido ao terramoto, com todos os fiéis que assistiam à missa vespertina no seu interior. 80% das edificações de Pisco não aguentou o abalo. Milhares de pessoas juntaram-se aos cães nas ruas, sem tectos sob os quais se abrigar. E os temas de conversa agora têm contornos bem distintos.

No centro da mesma praça, um José de San Martín proclamava, sabre em riste, a Independência do Peru do alto do seu cavalo de bronze. Foi neste porto que desembarcou em 1820, oriundo do Chile. Aqui avistou uns rubros flamingos em migração, os quais inspiraram o vermelho que cobre ambos os lados da bandeira do Peru. A 1ª bandeira do país, elaborada nessa ocasião sob as instruções directas de San Martín, vimo-la pendurada numa parede do Pisco Social Club. Uma casona que ainda reflectia os costumes burgueses da indústria milionária do guano e onde jantámos - eu e A Esposa - nessa noite em Pisco. A um quarteirão da dita praça.

O que será do Social Club? A sua fachada e gracioso claustro estarão de pé? E aquela bandeira? Andará, também ela, desabrigada, sem parede que a sustenha, pelas ruas? À mercê dos cachorros que ladram e se atropelam para a abocanhar? Até eles esquecidos, no meio dos escombros e da desordem total das coisas, de correr atrás de cadelas com cio?

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