terça-feira, dezembro 12

Marlon Brando

Há coisa de três anos que deixei de jogar computador, e já nessa altura "jogos de computador" era expressão ultrapassada. Não há hoje decoração moderna de apartamento de jovem adulto que não exiba debaixo do televisor uma PS2, provavelmente com os comandos do último Buzz, pronta para horas de folia social. O acto solitário do jogo em PC (e antes em Amiga e antes em Spectrum), esse tem estado a desaparecer. Sobrevivem os adolescentes com jogos em rede, e o Football Manager nos PC caseiros de gente que se deixou agarrar ao jogo menos jogo de todos os tempos. Até desse me libertei. Tinha sido o último.

Os vícios adormecem mas dificilmente morrem, e um gajo que passava tantas horas do dia e da noite alternando entre Colin McRae 1 e Tomb Raider 3, até os esgotar de qualquer interesse, deve manter-se afastado de todos os estímulos e manter o seu computador com a configuração mínima, de modo a não conseguir jogar qualquer jogo dos útimos cinco anos. A tentação veio por vias inesperadas, no entanto. Tendo-me dado para ver os três Padrinhos de seguida (com uma metódica semana de intervalo entre cada um), caí imediatamente na armadilha. Existe o jogo do Padrinho, é fiel ao filme até ao limite e, dado o meu afastamento deste buraco negro durante anos, é inacreditavelmente bom em tudo.

Os jogos de agora (perdoem-me esta conversa deslumbrada as pessoas mais actualizadas no tema) estão diferentes. Este, por exemplo, não só tem a fronha de cada um dos personagens como as vozes dos actores, gravadas propositadamente para o jogo, com excepção do Al Pacino, que estava já comprometido com o jogo Scarface (isto começa a ficar estranho). Até mesmo ao Marlon Brando foram chatear, já no leito da morte, para gravar alguns diálogos, que realmente aparecem por lá amiúde.

A última interpretação do Marlon Brando foi para um videojogo.

Sem comentários: