A semana de temática masculina no mundo pachanga levanta um ponto interessante: o filme para gajos. Sendo verdade que a violência como um fim é inerentemente realizada (e, na maioria das vezes, interpretada) por homens - pense-se nos Operação Delta de Chuck Norris ou nos Van Dammes, a violência como um meio não é, curiosamente, exclusiva dos homens. A pacharita avança com Scorsese que, por acaso, é capaz de fazer um drama de gajas como A Idade da Inocência ou um biopic acerca da figura espiritual como o Dalai Lama em Kundun ao mesmo tempo que nos oferece histórias másculas e viris cheias de fogareiros, pugilistas ou mafiosos, todos eles desequilibrados e numa espiral de auto-destruição (que, já agora, nem sempre precisam da ajuda de mulheres voluptuosas. Conseguem, e bem, fazê-lo sozinhos).
Ora como dizia, a violência como um meio não é exclusiva de realizadores masculinos. O American Psycho, ícone dos anos 80 que levou as descrições gore até ao mainstream, de onde nunca mais saíram até aos dias de hoje, foi adaptado ao cinema por uma mulher. O macabro deixou de ser um bastião da masculinidade.
Talvez a única grande diferença, aquilo que ainda falta a uma realizadora, é precisamente algo que é brevemente referido nesse post: a capacidade de mostrar os seus heróis (ou anti-heróis) desfigurados. Não falo das personagens secundárias, mas sim dos verdadeiros protagonistas. Nunca uma mulher conseguiria pôr o Jack Nicholson com o nariz cortado durante metade do filme como o Roman Polanski lhe fez no Chinatown, por exemplo. É aí que está, talvez, a última réstia de virilidade no cinema de hoje.
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2 comentários:
Eu não categorizei o Scorsese na mesma linha que filmes com esse Sr. Norris ou outros do estilo.
Confesso-me até fan dos seus filmes, especialmente dum fraquinho em porrada psicológica e física chamado Taxi Driver.
E sim, o Di Caprio leva porrada durante o filme todo. Por mim até lhe podiam partir o nariz, podia ser que ficasse melhor actor.
Parece-me que ficou suficientemente claro que gostas do sr. Scorsese (apesar de lhe chamares anão e voz de larilas).
Por outro lado, devo deixar bem claro que eu não meti o Scorsese no mesmo saco que os outros gajos, mencionei-os precisamente para separar as águas.
De resto, pela sua incapacidade em mostrarem os heróis desfigurados, foram todos, decerto, realizados por meninos, aliás.
Para finalizar, também gostava que o Leo levasse porrada até se endireitar. Já estou um bocado farto desta colaboração com o Scorsese que não tem nem um décimo do carisma da dupla Scorses/De Niro.
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