sexta-feira, setembro 8

Moinhos de vento

Por mera burrice resolvi meter-me à bulha com a Tvcabo/Netcabo e levar tudo até às últimas consequências. As últimas consequências decorrem precisamente neste momento e a minha televisão foi cortada. Com justiça, diga-se. Decorre de tudo isto que eu tenho alguma razão, não sou assim tão estúpido, e também não vou maçar ninguém com a história toda. Mas a verdade é que depois de exposto o caso e com alguma apelo ao coração do couraçado PT, o monstro resolveu concordar comigo e dar-me razão. Portanto não vou ter que desembolsar as centenas de euros que inicialmente estava previsto, mas a verdade é que fiquei privado de televisão nas precisas duas semanas em que decorre o US Open.

De todos os eventos sócio-culturais deste mundo, o desportivo é o único que não se pode perder. Só pode ser visto quando acontece, mesmo que fraco, mesmo que vergonhoso, mesmo que tudo. Isto porque é insuportável a ideia de perder um bocadinho de História a acontecer. A ideia de que pode neste momento estar a acontecer o mais fabuloso jogo de ténis dos últimos vinte anos corrói-me, tira-me o sono, deixa-me doente, leva-me a alma, enfim. Para piorar, uma prova só pode ser vista em diferido se a tivermos visto em directo. Vê-la pela primeira vez em diferido são facadas por minuto. O mais próximo que temos disto é um concerto. Perder um grande concerto é dramático, mas é provável que o possamos ouvir depois e o mal está um pouco, ligeiramente só, reduzido. O resto, cinema, teatro, jantares, férias no Nepal, tudo pode ser adiado. Mas a ideia de que amanhã posso ter gente a dizer-me coisas tão ímpias como "man, o jogo que tu perdeste ontem, chavalo, tu nem calculas o que foi aquilo" é a morte.

Não é possível ganhar à TVCabo. Que ganhei eu com isto tudo? Aborrecimentos, só ganhei aborrecimentos.

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