Em visita às termas do Gerês, encontrei um mundo novo onde as grandes mudanças se evidenciam no quotidiano do povo local, os Termalistas. Termalista é um nome que me passou a fascinar. Os Termalistas soam a corrente artística que defende o retorno à cura dos males pela natureza e à expressão artística tradicional, usando as mais antigas técnicas e materiais, mas na verdade são apenas pessoas velhas e doentes, ou novas e doentes, mas quase sempre doentes ou convencidas que estão doentes, que se podem dedicar a tempo inteiro à sua cura. Para tal têm de aceitar novas regras e um mundo consideravelmente diferente do normal. Por exemplo, as refeições são servidas no local da estadia do termalistas respeitando os seguintes horários:
pequeno almoço das 7h30 às 10h
almoço das 11h30h às 13h30
jantar das 18h30 às 20h
chá às 21h
Mesmo estando vinculadas com os tratamentos, as refeições alteram o metabolismo das pessoas que procuram cura para os seus males e transformam-se num pesadelo insuportável que tem de ser pedido e marcado com uma antecedência surpreendente. Isto para depois servirem costeleta de vitela como sendo dieta.
Há também apenas uma farmácia para toda a população residente. Mesmo com a média de idade local acima dos 65 anos. Se há algum medicamento que não exista em stock no local, os doentes têm de se deslocar bastante para encontrar concorrência.
No hall de entrada das residencias podemos sempre encontrar idosos quase imobilizados ofegando os quase 40º à sombra que se fazem sentir nos meses de verão. A televisão e a água são as suas companhias. No centro de turismo não há mapas com os trilhos e carreiros da serra. Afinal de contas nenhum dos termalistas presentes conseguiria subir uma ravina durante 40 minutos.
As termas só por si são divertidas. Resolvi experimentar algumas das ofertas locais e foi uma loucura imensa. O banho escocês não mais que um nome pomposo para mangueirada. Esguichos de água quente massajam o corpo vertical e horizontalmente. O esguichador de serviço vai pedindo para o receptor dos esguichos se virar e vai-lhe mandando água com pressão para cima. Profissão interessante. Também deve ter um nome pomposo, tipo Técnico de Massagem com Água Pressurizada. Imaginei que o tipo de quando em vez deve errar no alvo e provocar fortes dores testiculares aos termalistas mais azarados. Há também as massagens. Imaginei a quantidade de tesões que surgirão durante as massagens. Felizmente no fim da massagem a massagista (quando é séria e de boas famílias), abandona o local da massagem ainda antes do massajado se levantar. Não fiquei com tesão, mas as minhas costas adoraram as festinhas. Senti-me um cão. Só não rebolei e arfei porque também eu sou de boas famílias. Uma festarola. Uma falha desnecessária. Tive de descer no elevador com a massajista. Deviam haver elevadores separados para os termalistas e para as massagistas, principalmente quando estas não são modelos escandinavos. Digamos que ela era muito mais agradável estando eu de bruços sob a maca. A outra questão é que não há conversa de jeito possível depois de uma boa massagem. Perguntou-me: "Está bem?", ao que eu respondi, "Óptimo". Estava a ser tão sincero que não gesticulei palavra até ao abrir das portas do elevador e do cortês, "Faça favor", que por norma requer como resposta um "Obrigado". Imaginei que seria a mesma conversa possível entre uma puta e um cliente. Senti-me ainda mais ridiculo naquele robe branco com a chave do cacifo na mãe. Aconselho também um banho para tirar a nhanha da massagem, cujo nome pomposo é Creme de Massagem.
Alguns termalistas geresianos visitam também os pontos de interesse regionais nos curtos intervalos entre as refeições e os tratamentos. Na verdade as aldeias locais têm nomes pouco apelativos como Brufe, Valdozende ou Cibões. Nesses sítios os animais ainda andam soltos pelas ruas, as crianças brincam na estrada, todas as casas são de pedra e há mais cavalos que automóveis. Há também Calcedónia, um povoado fortificado da Idade do Ferro, ocupado pelos Romanos e abandonado pouco depois ninguém sabe porquê. Quase todos os termalistas se recordam de Calcedónia habitada só ninguém se lembram porque se foram embora os Calcedónios.
pequeno almoço das 7h30 às 10h
almoço das 11h30h às 13h30
jantar das 18h30 às 20h
chá às 21h
Mesmo estando vinculadas com os tratamentos, as refeições alteram o metabolismo das pessoas que procuram cura para os seus males e transformam-se num pesadelo insuportável que tem de ser pedido e marcado com uma antecedência surpreendente. Isto para depois servirem costeleta de vitela como sendo dieta.
Há também apenas uma farmácia para toda a população residente. Mesmo com a média de idade local acima dos 65 anos. Se há algum medicamento que não exista em stock no local, os doentes têm de se deslocar bastante para encontrar concorrência.
No hall de entrada das residencias podemos sempre encontrar idosos quase imobilizados ofegando os quase 40º à sombra que se fazem sentir nos meses de verão. A televisão e a água são as suas companhias. No centro de turismo não há mapas com os trilhos e carreiros da serra. Afinal de contas nenhum dos termalistas presentes conseguiria subir uma ravina durante 40 minutos.
As termas só por si são divertidas. Resolvi experimentar algumas das ofertas locais e foi uma loucura imensa. O banho escocês não mais que um nome pomposo para mangueirada. Esguichos de água quente massajam o corpo vertical e horizontalmente. O esguichador de serviço vai pedindo para o receptor dos esguichos se virar e vai-lhe mandando água com pressão para cima. Profissão interessante. Também deve ter um nome pomposo, tipo Técnico de Massagem com Água Pressurizada. Imaginei que o tipo de quando em vez deve errar no alvo e provocar fortes dores testiculares aos termalistas mais azarados. Há também as massagens. Imaginei a quantidade de tesões que surgirão durante as massagens. Felizmente no fim da massagem a massagista (quando é séria e de boas famílias), abandona o local da massagem ainda antes do massajado se levantar. Não fiquei com tesão, mas as minhas costas adoraram as festinhas. Senti-me um cão. Só não rebolei e arfei porque também eu sou de boas famílias. Uma festarola. Uma falha desnecessária. Tive de descer no elevador com a massajista. Deviam haver elevadores separados para os termalistas e para as massagistas, principalmente quando estas não são modelos escandinavos. Digamos que ela era muito mais agradável estando eu de bruços sob a maca. A outra questão é que não há conversa de jeito possível depois de uma boa massagem. Perguntou-me: "Está bem?", ao que eu respondi, "Óptimo". Estava a ser tão sincero que não gesticulei palavra até ao abrir das portas do elevador e do cortês, "Faça favor", que por norma requer como resposta um "Obrigado". Imaginei que seria a mesma conversa possível entre uma puta e um cliente. Senti-me ainda mais ridiculo naquele robe branco com a chave do cacifo na mãe. Aconselho também um banho para tirar a nhanha da massagem, cujo nome pomposo é Creme de Massagem.
Alguns termalistas geresianos visitam também os pontos de interesse regionais nos curtos intervalos entre as refeições e os tratamentos. Na verdade as aldeias locais têm nomes pouco apelativos como Brufe, Valdozende ou Cibões. Nesses sítios os animais ainda andam soltos pelas ruas, as crianças brincam na estrada, todas as casas são de pedra e há mais cavalos que automóveis. Há também Calcedónia, um povoado fortificado da Idade do Ferro, ocupado pelos Romanos e abandonado pouco depois ninguém sabe porquê. Quase todos os termalistas se recordam de Calcedónia habitada só ninguém se lembram porque se foram embora os Calcedónios.
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