segunda-feira, fevereiro 6

Rock Persistente #5 - Os DRR

Naqueles saudosos anos 90, em que todas as preocupações se afogavam em imperiais, os DRR tinham por costume não se levarem a sério. Ir para um concerto acarretava um estado de ansiedade comparável a um jantar na casa de pasto do Sr. Dias, por terras alcantarenses. Ou seja,ansiedade zero.
Ainda assim, a subida ao palco era quase sempre preparada com antecedência. Aliás, a própria existência de ensaios baseava-se única e exclusivamente na hipótese de haver algum palco que nos aceitasse lá em cima. O grande problema da banda que poderia ter sido é nunca ter conseguido reproduzir em palco os momentos vividos durante os treinos para lá chegar.
Lembro-me da semana que antecedeu a passagem dos DRR pela Semana Académica de Lisboa. Durante não sei quantos dias, o guitarrista escafrando abriu a porta da sua sala com seis janelas e sucederam-se as ‘Jam Sessions". O vizinho de cima não achou piada, nem mesmo quando o escafrando respondeu com convites para o concerto às queixas de uma filha doente que tinha de se levantar cedo para ir à escola. Só mais um que não nos percebeu...
Peripécias aparte, dessa vez o plano era ambicioso. Propunhamo-nos conquistar Lisboa com um formação que incluía dois guitarristas, o baixo, dois vocalistas, bandolim, guitarra portuguesa, violino, percussões e mais não sei quantos objectos produtores de ruído. Houve momentos irrepetíveis, como obviamente se verificou em palco, em que a coisa soou harmoniosa. Mas era a época do improviso, em que repetir o mesmo tema mais que duas vezes seguidas era actividade francamente reprovável e reprovada. Falhou-nos um qualquer Giacometti dos tempos modernos para registar aquelas sessões na Ajuda. Falhou também o percussionista ter desaparecido sem deixar rasto (a bem dizer, nunca percebi muito bem quem era o tipo) após um único, e francamente encorajador, ensaio. Mas foram noites como essa que alimentaram a ideia de que um dia a coisa ia passar da cepa torta.

2 comentários:

Unknown disse...

Caro Amigo,

Escreveu escafrando duas vezes quando queria escrever Escafandro. Se tivesse sido uma vez cheirava a gralha mas duas já parece dislexia.
As melhoras,

Escafandro Malandro

Anónimo disse...

Entretranto já tomei as grotas. Esprero que a dislerxia passe deperssa. As minhas declupas pelo lapslo, camarada Escafandro.