terça-feira, fevereiro 7

Rock Persistente #6- DRR Concerto no Ágora - Setembro de 1997

As férias de Verão chegavam ao fim. O reencontro do grupo foi marcado para a Figueira da Foz em finais de Agosto, celebrando o aniversário do baixista. Guitarras, cerveja e THC reinaram durante a estadia no parque de campismo onde não havia tendas suficientes para tanta gente. Pouco me recordo desses dias, clara tenho a memória de acordar uma tarde, ainda alcoolizado e começar logo a tocar, ainda na tenda, depois rebolando para fora dela até ficar encostado num pinheiro, sempre sem parar de tocar, se é que se pode chamar música aos sons que saiam do casco apodrecido da guitarra.
Em Lisboa tenho ideia de haver um ensaio combinado para a véspera do concerto, na casa do algarvio que na altura mantinha o ritmo e me emprestava a guitarra e os pedais. No próprio dia do ensaio, numa altura em que os telemóveis pesavam 4 Kg e só executivos de topo os possuíam, o baterista que era suposto chegar com o seu amigo afinador de pianos não apareceu e o ensaio, se o houve, não me recordo, foi improvisado entre as cordas e a voz.
No próprio dia do concerto o baterista relata que ficou empanado na viagem para Lisboa com um piano, um afinador e uma carrinha de 20 anos. Rapidamente tudo se esqueceu. O palco estava montado de costas para o Tejo, virado para o bar do que era o Espaço Ágora no Cais do Sodre. Onde agora há um cais de embarque e obras do metro, fizemos na altura um concerto memorável, embora a minha memória dele seja relativa. Não me recordo do ensaio de som, apenas de jantarmos de graça na cantina local e a seguir bebermos tanta cerveja que o vocalista de então cantou sentado no chão na posição de uma donzela num piquenique. Os promotores do concerto, um colectivo de artistas e professores universitários que nos achavam jovens promissores, ficaram sentados todo o tempo embasbacados com tanto chinfrim. Obviamente o amigo afinador de pianos estava em palco e contribuiu enriquecendo grandemente as polirritmias que se fizeram ouvir. Depois do concerto consumimos tanta Tuborg Stout, a coqueluche da altura, que o dono do bar veio a correr atrás de nós com a conta quando um pequeno charro moveu toda a comitiva para a beira rio. Entre concubinas de verão, namoradas vindas de além das cordilheiras, cervejas frescas e cigarros marroquinos, a noite continuou e não faço ideia onde acabou.
Talvez seja boa ideia outra pessoa que se lembre melhor contar este episódio.

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