segunda-feira, janeiro 30

Rock Persistente - Os DDR #2

A bem ver, na sua primeira encarnação, os drr’pent’ment nunca foram uma banda mas antes um estado de espírito. Um qualquer ideal onde a modéstia sempre ficou posta de lado. Um concerto não era um concerto, era uma manifestação cultural, uma dádiva de uns putos que se achavam muito à frente a um povo que, irremediavelmente, insistia em não compreender a mensagem. Daí que os tais concertos acabavam quase invariavelmente em divórcio. Entre nós e a audiência, claro está. Talvez por ter apenas um microfone à frente e não ter desculpa para passar o concerto a olhar para as cordas do instrumento ou para as peles da percussão, tinha de encarar as costas dos espectadores. Lembro-me de uma festa vespertina no Palácio de Burnay (sítio que foi, em si mesmo, a razão da nossa existência) em que um dos guitarristas desencantou uma pedaleira para a sua guitarra eléctrica. Se as canções (ou lá o que se queira chamar àquilo) já estavam coladas com cuspo, pior ainda ficaram com a turbulência permanente que aquela caixinha azul com demasiados botões provocou. No final, o costume. Os dois guitarristas acharam genial. Eu e o baixista achámos vergonhoso. O vocalista/percussionista respondia nim. Mas nada que vinte imperiais e uns quantos cigarros aditivados não resolvessem. Não faltavam oportunidades de voltar a tentar. E falhar.

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