«Os trabalhadores trocam a possibilidade de mais horas extraordinárias pela certeza de mais desemprego». A frase é do ministro Manuel Pinho sobre o impasse nas negociações da Auto Europa. Ainda bem que este Governo aposta na "qualificação" e que critica o velho modelo português da mão de obra barata. Porque, se não, poderíamos interpretar as palavras do ministro da Economia como uma sugestão aos trabalhadores da maior empresa estrangeira em Portugal para aceitarem trabalhar em condições mais precárias para garantir o seu empregozinho.
A AutoEuropa, lembro-me eu que não percebo nada de economia, chegou a congelar os salários durante três anos para garantir a "viabilidade da empresa". E fê-lo com o consentimento dos trabalhadores, cujos dirigentes sindicais têm sido apontados ao longo dos anos como exemplos raros de disponibilidade para dialogar com o patrão sem partir logo para a greve, como é, demasiadas vezes, costume. A mesma piedosa AutoEuropa ainda há poucos meses entrou em concorrência com uma fábrica alemã do mesmo grupo para a atribuição de um novo modelo, argumentando como arma de arremesso a excelente produtividade da fábrica de Palmela. Agora, os trabalhadores são os maus da fita, só porque não aceitam, mais uma vez, perder regalias. E o Governo, o tal que se diz "pela inovação e qualificação", não tem dúvidas: Ponham-se mansos, ingratos trabalhadores, e encham lá os cofres desses nobres alemães aceitando trabalhar mais horas com os salários encolhidinhos. O País vai por bons caminhos.
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