sexta-feira, agosto 12

para não esmorecer o atletismo.

Eu sou daquelas pessoas que acreditam nos números que vê. Estatísticas, censos, sondagens, previsões e estimativas, vendas, lucros, PIB, prémio do euromilhões, índices, enfim. Não é que seja irremediavelmente crédulo, mas tenho para mim que quando se publica um número não é coisa que se tenha discutido numa refeição bem regada, na qual entre um brinde de partir copos e outro, alguém manda o número às gargalhadas. Acho que um número é sempre fruto de trabalho duro e complexo de uma quantidade enorme de gente seja ou não verdadeiro. Admito a fraude, mas estou convicto que é uma fraude sem ponta de desleixo. Já estes quatro mil milhões de espectadores por televisão dos Campeonatos do Mundo de Atletismo deixam-me sem saber que dizer. Na verdade deve ser questão de metodologia, problema meu, portanto. Mas (hoje não me apetece nada pôr links, peço desculpa) apercebi-me que a audiência televisiva nos jogos de Atenas foi dos mesmos quatro mil milhões. Para o próximo Mundial de Futebol prevê-se 3 biliões e meio de espectadores. (Juro que tive o cuidado de utilizar as mesmas fontes, é fácil de pesquisar). No Mundial de Futebol eu sei que uma pessoa que assista a 30 jogos vale por 30 pessoas e daí estes números. Mas no Mundial de atletismo não percebo. Não percebo! A ser pessoas por prova a coisa estava mais ou menos explicada mas assim que diria eu dos Jogos Olímpicos com três semanas e os mesmo quatro milhões?

Cheguei a pensar que iria trazer alguma luz sobre este assunto. Iludi-me mesmo nesse sentido, mas está visto que não. A preguiça impede-me de apresentar alguns cálculos, investigar quantos dias tem cada competição, quantas provas, etc. Depois apresentaria uns rácios, mais uns quantos dados oficiais e avançava com uma sugestão de possível metodologia. Mas nada. Limitei-me a partilhar com as pessoas esta minha angústia dos quatro mil milhões.

Devia ter-me ficado pelo rapaz das Bahamas do triplo salto, que tem algum azar que não vem de agora, nestes campeonatos; pela razão inversa, indutora do equilíbrio das coisas, que permitiu ao holandês ganhar o salto com vara; pela outra que caiu na ultima barreira na final dos 100m barreiras ou ainda; pelo tropeção do Rui Silva quando já estava a fazer o que ele faz nestas provas de 1500m. Isto é, fazia um post de fait-divèrs igualmente, mas sem se notar tanto o fracasso.

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