"Vem com eu, moço! Eu vou contar pr'ócê coisas que nem Cabral sabia!..." Assim apregoava aquele moleque de Cabrália os seus precoces serviços de guia turístico.
Poderia ser o mesmo garoto. O tom de canela da pele era o mesmo. O corpo esguio, músculos despontando, era o mesmo. Os mesmos chinelos e calção ruçado como única indumentária. Os mesmos olhos negros que tudo observavam como quem engole. Mas foi a outro pixote, noutra praia de Porto Seguro, que eu perguntei como se soletrava o nome. O nome de soar estrangeiro que ele já me informara ser o seu:
- “WALLACE”, ouvira eu antes com o intelecto e não com os ouvidos.
- “U – A – L – I – S!”, respondia-me agora ele num tom tão natural como a sua sede de saber mais. Um pouco à frente, uma menina que estava com ele questiona com a mesma sede uma rapariga que estava comigo:
- “Até Portugal, quanto tempo tem de ônibus?”
Poderia ser o mesmo garoto. O tom de canela da pele era o mesmo. O corpo esguio, músculos despontando, era o mesmo. Os mesmos chinelos e calção ruçado como única indumentária. Os mesmos olhos negros que tudo observavam como quem engole. Mas foi a outro pixote, noutra praia de Porto Seguro, que eu perguntei como se soletrava o nome. O nome de soar estrangeiro que ele já me informara ser o seu:
- “WALLACE”, ouvira eu antes com o intelecto e não com os ouvidos.
- “U – A – L – I – S!”, respondia-me agora ele num tom tão natural como a sua sede de saber mais. Um pouco à frente, uma menina que estava com ele questiona com a mesma sede uma rapariga que estava comigo:
- “Até Portugal, quanto tempo tem de ônibus?”
Vem isto totalmente a propósito da derrota do Sporting no outro dia frente ao Udinese, ocasião em que travei conhecimento com um reforço dos leões para esta época chamado DEIVID.
Deivid atravessou o Atlântico de autocarro para compor uma dupla potencialmente letal mas, até ver, inofensiva com Liedson. Contudo, já valeu a pena a travessia pelo que nos deu a conhecer mais uma obra-prima da onomástica brasileira. Essa consumada arte do erro, esse menosprezado.
Há que reconhecer o mérito e dar o devido valor a um erro que é levado até ao fim, até às últimas consequências, da pia baptismal até ao leito fúnebre. O erro de uma vida. Um erro que dá nome a uma vida. Há que “parabenizar” o jogador de futebol de nome Deivid de Souza que escolhe a gralha ortográfica dos pais semi-analfabetos para envergar na camisola em lugar do respeitável mas “sem graça” apelido.
A questão é polémica mas há que congratular os "Jaquisons", os "Ualis", os "Deivids" deste planeta (e todas as outras calinadas ambulantes que se passeiam garbosas pelos campos de futebol por esse mundo fora, das quais, maldição!, agora não me lembro de mais nenhuma) e quem os cá pôs e a grafia dos nomes que lhes deram.
Não somenos, o erro, esse menosprezado, torna muito mais interessante um desporto tantas vezes sem demais interesse.
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