quinta-feira, agosto 18

Falemos então do cachupa

A primeira vez que ouvi falar desse antro foi há coisa de uns treze anos. Estava eu ainda na província quando ouvi o relato de uns amigos muito mais velhos a descrever uma noite lisboeta num tal sítio onde uma velha servia cervejas numa cozinha imunda enquanto o resto da família cozinhava para os clientes embriagados. Fiquei curioso. Anos mais tarde fui lá com alguns (já não sei quais) dos comparsas desta estrebaria. Lembro-me que estava lá um duo de banjo e flauta a tentar que um cabo-verdiano embriagado os acompanhasse à viola. O que me surpreende mais ao longo deste tempo todo é que o cachupa (convencionou-se dar-lhe esse nome) tenha resistido até há poucas semanas. Ilegal, num terceiro andar, a fazer choldra até de manhã em zona residencial. É obra. Esses chungosos de cabelo empastado, vestes de palhaço e que se dizem okupas podiam estudar esta história a ver se aprendem alguma coisa. Seria até um belo case study para as faculdades de sociologia.
Como sempre, oiço muita gente lamentar-se. Sobretudo aqueles que dizem "é pá estive para lá ir tantas vezes e nunca fui..." Só espero que o final do cachupa tenha sido a bem e que ninguém esteja a ver o sol aos quadradinhos. Aqulas ceias deixarão saudades. Afinal, foi na cozinha do cachupa que nasceu a ideia do primeiro blogue por nós parido.

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