... e posso confirmar que é a coisa mais feia a 2 dimensões em que pus a vista em cima nos últimos tempos e isso inclui a colonoscopia do meu vizinho da cave esquerda. Não perguntem porque raio visionei tal exame médico pois não vim aqui falar de cinema documental mas sim do futuro do cinema comercial em Portugal segundo o senhor Alexandre Valente. E esse futuro, meus amigos, é negro… Mais negro que o ânus do Sr. Neves, um homem com graves problemas no terço inferior do intestino.
Antes de mais merdas, passo a explicar que decidi ir ver o filme (em tão infame quanto arrependido desrespeito pelas sensatas recomendações d’ A Esposa) pois mantenho uma pontinha de admiração pelo Sr. João Botelho desde que vi o “Aqui na Terra” há muito, muito tempo, apesar da basta porcaria que ele vem fazendo mais actualmente. Admito também que, num momento de fraqueza, a operação de marketing/polémica/publicidade montada pelo produtor tenha penetrado o meu cérebro através de um qualquer soft spot ainda não identificado mas que desconfio se chama “mamas”.
Enfim, lá fui e o que vi é francamente mau. E o Sr. Botelho não fica menos mal na fotografia por ter tirado o seu nome daquele monte de esterco à última hora, quando a coisa já fedia o suficiente para intoxicar um exército de terracota. Se a montagem é um nojo, a iluminação um nojo é, a direcção de actores uma fantochada, os enquadramentos uma piada, os cenários primários, os diálogos pouco mais que palavrões intercalados com proposições, o enredo é um ultraje à inteligência de uma criança de 10 anos, raccord não existe, talento nem se fala, a arte não mora aqui e mesmo o simples entretenimento não é visto nem achado.
Aqui ficam dois exemplos da mais pura e boçal imbecilidade, que são, penso eu, da inteira responsabilidade do realizador que não o é: (1) para simular os devaneios paranóicos e depressivos de Sofia (Margarida Villas-Boas/Carolina Salgado) a genial realização coloca umas mãos à frente de um holofote a fazer sombras chinesas (ou seriam efeitos especiais computorizados?) sobre a cara da actriz, que se contorce, geme, esbugalha os olhos, sem nunca descurar a boquinha de broche que marca as suas carreiras (a da Margarida e a da alternadeira; aliás, numa coisa seja feita justiça: elas estão bem uma para a outra); (2) para ilustrar um salto de cerca de 6 meses na narrativa, a realização opta pelo originalíssimo recurso de filmar em grande plano um calendário do qual se arrancam folhas e ao qual depois alguém atira um balde de água para simbolizar a chegada do Inverno. Brilhante!
Com Inverno ou sem Inverno, o descontentamento era patente na fronha de todos quantos levantavam os rabos dos confortáveis (valha-nos isso!) assentos do Londres. Pelo que me toca, rezo a todos os santinhos para que iluminem a inteligência dos portuguesas com uma lâmpada de mais watts do que aquela que me dispensaram ontem à noite, para que o fiasco financeiro seja grande e fundo, para que o Sr. Valente perca logo a casa no Alentejo que hipotecou para produzir aquele aborto. Merece isso, muito mais e pior.
Por último, uma razão para não chorar. Do mal o menos: não há dinheiros públicos investidos nesta coisa a que chamaram filme… Só o dinheiro particular de papalvos como eu.
sexta-feira, novembro 2
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
¿Viste GAL (2006) de Miguel Courtois?
não, caro anónimo, não vi essa pelicula. Porque pergunta?
Enviar um comentário