sexta-feira, setembro 21

Gás nas águas

Acho que tem faltado aqui ao Pitau alguma crítica real, estruturada e sólida, por isso decidi falar sobre águas com gás. Como saberão, há águas naturalmente ou artificialmente gaseificadas, quase todas provenientes de zonas em que há instâncias termais. Agrada-me profundamente as naturalmente gaseificadas como a Água das Pedras, Vidago e afins. Não posso negar também em que há dias em que preciso de uma Vimeiro ou Perrier, para arrotar logo metade da ressaca ao primeiro golo. Com uma naturalmente gaseificada isso só acontece no final do primeiro litro o que é chato para a bexiga nas horas seguintes. Sou portanto um apreciador das qualidades terapêuticas das águas com bolhas lá dentro.
Entretanto o mercado das águas decidiu mandar dinheiro fora em publicidade para vender mais uns litros e começou a inventar sabores e insignificantes diferenças entre vários tipos de água engarrafada da mesma fonte, a coisa chegou cá, encheu autocarros e mobiliários urbanos e eu não me disse nada a ninguém sobre a parvoíce que me parecia uma água com sabor a Coca-Cola. Ri-me, comentou-se em noites de copos e a coisa passou. No entanto os génios do Marketing não souberam parar e inventaram a água mais parva do mundo que consiste em pegar numa água com gás e meter-lhe apenas um bocadinho de gás carbónico. É uma espécie de misto entre água lisa e água acabada de abanar por um elefante drogado com cafeína mas com bolhas mais finas e constantes. Não sabe a água natural porque o sabor do gás está presente, mas também não é uma água com gás porque não se sente a pressão do ar na água. Junta portanto o pior dos dois mundos, se é que isto se pode dizer em relação à água, esse liquido vital para a nossa subsistência como seres vivos.
Finalizando, sempre que vos derem uma água com gás cujo rótulo não conheçam, leiam bem o que lá está escrito porque "ligeiramente gaseificada" significa que vão pagar por uma experiência que supostamente só os vossos bisnetos irão ter raramente, quando o ar e a água forem tão raros que já ninguém saiba o que é aquela sensação no interior da barriga depois de um golo inteiro de uma Água das Pedras bem fresca, dois minutos depois de acordar, ainda a cheirar ao álcool do dia anterior.