O detentor do comando parou na RTP internacional apenas porque havia erro na emissão. O separador de mais de um minuto comemorativo dos 50 anos da estação, não é muito diferente do dos 40 anos, consiste numa musica duvidosa, com uma letra ainda mais duvidosa e uma série de caras larocas ligadas à RTP a cantar com muita emoção forçada e sorrisos bem pagos. A grande diferença é que este está com um problema de transmissão que salta frames e transforma tudo aquilo numa câmara lenta aos soluços.
Acaba a má publicidade e aparece promoção ao programa semanal dedicado às comunidades portuguesas nos Estados Unidos, com o patrocínio do novo disco dos grupo Starlight, a depiladora Maria Antónia, e outras pequena e médias empresas de Newark.Enquanto falávamos na boa impressão que tal facto dará aos estrangeiros que tenham o azar de no seu zapping passar pela nossa televisão, começou mais um episódio da série "Pianíssimo" da autoria do Sr. Vitorino de Almeida. Realizada em 2005, surge por um lado como uma obra retro (os cross dissolves e os planos longos reinam) e por outro como uma manifestação vanguarda do uso terapêutico da televisão na cura de insónias.
Acompanhado pela flautista Vera Morais, moça mais voluptuosa que a Bárbara Guimarães mas com menos à-vontade que um actor adolescente dos Morangos com Açucar, Vitorino de Almeida passeia-se pelas capitais europeias monologando sobre a história do pianos, que a flautista por vezes interrompe para lhe dar razão ou fazer uma pergunta tola. Com roupas que mantém audiências às 2 da manhã, a pobre Vera não sabe que fazer às mãos e pede ao estilista qualquer coisa com bolsos.
Quando o tema começava a cansar aparece o Carlos Mendes e uma senhora com idade para ser sua mãe. A conversa entre eles parecia-se com cadáveres esquisitos motivados pela ingestão excessiva de vinho da Madeira até que começam a falar de um compositor que influenciou Mozart e que se chamava Cannabich. Aí a velha senhora começa a chamar drogado ao Carlos Mendes e nós espectadores não conseguimos acreditar naquele diálogo que se prolongou durante uns bons 10 minutos até voltar ao Vitorino de Almeida e à sua mascote mamalhuda. Pelo meio uma loura bem constituída toca piano com as duas mãos e algum talento. Entretanto como a Vera Morais muda de figurino em cada cena e nesta tinha menos que 15% de carne à mostra mudámos de canal, era a televisão turca, o Kebab tinha um óptimo aspecto.
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