Por alturas de eleições para a Associação de Estudantes, resolvemos criar uma lista sem intenções de ganhar. A ideia era apenas poder ocupar com mais uma actividade sem consequências o nosso quotidiano de deleites e futilidades. O nome era perfeito: Lista Alpista e a campanha foi uma das melhores de sempre pois aliava a rima com a parvoíce no seu estado sólido. "O Alpinsta vota Alpista", "Se és vigarista vota Alpista" e por aí fora. Todos os cartazes com as rimas de ordem eram escritas à mão e a faculdade estava repleta deles. E para celebrar o último dia de campanha decidimos organizar um Comício-Fumício-Concerto no Teatrinho da Faculdade. Seria uma coisa inspirada nos tempos do PREC, cadeiras no palco, bandeiras, ramalhete de flores e tudo acústico (o que me permitiu não ter de andar atrás de uma guitarra electrica emprestada) que a cantiga é uma arma e o instrumento também se arremessa.
No cimo das escadas do pátio tinhamos um enorme pendão que fizemos com sacos do lixo preto. Uma obra de arte.
Não o podem ver na fotografia, naquela tarde as cadeiras do palco estavam mais ocupadas que as cadeiras do público. Mas nada nos demoveu. Cantámos, tocámos e fizemos campanha como se não houvesse amanhã e de facto não me recordo do dia seguinte.
No cimo das escadas do pátio tinhamos um enorme pendão que fizemos com sacos do lixo preto. Uma obra de arte.
Não o podem ver na fotografia, naquela tarde as cadeiras do palco estavam mais ocupadas que as cadeiras do público. Mas nada nos demoveu. Cantámos, tocámos e fizemos campanha como se não houvesse amanhã e de facto não me recordo do dia seguinte.
5 comentários:
Terá sido em 98. 99 está fora de hipótese.
O dia seguinte acho que foi de reflexão, e não terá sido particularmente memorável - provavelmente andar a retirar os cartazes das paredes.
Lembro-me com alguma emoção do engenho que demonstrámos ao colocar o tal pendão com pedras coladas à parte de baixo para que o vento não o levasse, bem como das duas ou três pessoas que iam sendo atingidas por elas à medida que se iam descolando do dito cujo.
Jovens que desafiavam todas as leis, incluindo as da gravidade, era o que éramos.
Foi 98. E no fim, como sempre, levaram na boca!
Agora que falas nisso acrescento como acabou o escrutínio. Num dos últimos dias de campanha, um tipo chamado Amável de uma lista também ela fantasma mas com interesses políticos mais concretos que nós, perguntou ao Comboio, "querem fazer uma coligação?" Segundo o próprio, tal pergunta não foi entendida pelo cérebro ocupado em fazer cartazes à mão mas da sua boca saiu um "Iá". 10 minutos depois as paredes estavam cobertas com cartazes que anunciavam a coligação entre Alpistas e a outra lista cujo nome não me recordo. Nesse momento perdemos metade dos eleitores. Se tal "iá" não tivesse sido dito talvez a história daquelas eleições não parasse no dia do concerto mas numa luta pelo poder no lago do jardim.
Esse foi um ano em que o Branquinho ameaçou meia duzia de candidatos, certo?
E nao sejas exagerado. Com ia ou sem ia, levavas na boca.
O nosso objectivo nunca foi ganhar as eleições, até porque o poder estava tão próximo de nós que nos dava menos trabalho chatear-vos a cabeça e cravar-vos guito para as nossas acções culturais mais estapafúrdias.
Bons tempos...
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