sexta-feira, janeiro 19

Tadinhas das criancinhas

A nossa ministra da Educação, já se percebeu, quer um lugar de destaque na história do ensino português. Como já não é a primeira, resta-lhe pouca coisa que possa inventar/arrasar/destruir para fazer pior. Agora a ideia é colar a escola primária ao ciclo preparatório (eu sei que as coisas já não se chamam assim, mas não tenho à mão um dicionário de eduquês-português), fazendo os putos ter o mesmo professor durante os seis primeiros anos de ensino. Tudo a bem dos alunos, que é para estes não sentirem o "choque" de ter de enfrentar dez novos professores quando deixam a primária.
Recuando aos meus tempos de infância, lembro-me que o ingresso no ciclo como uma festa. Para trás ficaram quatro anos com uma senhora que variava entre a simpatia genuína e as réguadas com uma coisa de dois centímetros de espessura caso algum infeliz não tivesse decorado a tabuada. O ciclo era a escola dos mais velhos, um sítio onde poderia (e pude) fazer novos amigos e deixar para trás o cansaço de aturar a mesma senhora durante quatro anos. Mais disciplinas, furos no horário, um novo ambiente. Não foi, nem por sombras, um "choque". Foi antes uma magnífica experiência de novidade e adaptação. Mas agora que tratamos as nossas crianças como atrasados mentais, temos de os proteger de todos os perigos reais e imaginários. Gastar-se-hão milhões em edifícios e formação de professores. E os putos ficarão condenados a ter de gostar do professor que os ensinou a ler e a contar. Ou a aborrecer-se de morte...

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