terça-feira, dezembro 5

Asma contagiosa

O Borat é um excelente personagem e, sobretudo, o Sacha Baron Cohen é a melhor coisa que aconteceu ao humor em muitos muitos anos. Daí até o Borat ser um bom filme vai um salto um bocado grande. Não me consegui divertir mais com este filme do que com os sketches de cinco minutos com que o Borat entrava pelo talk show do Ali G. Pelo contrário, a coisa chegou a tornar-se aborrecida, e sobretudo, penso que mal colada. Achei um filme forçado e um humor no formato errado.

Quanto ao Humor enquanto actividade, que pelos vistos está tão corporativista como a indústria farmacêutica, tenho a dizer que podem ficar descansados. O melhor sinal de civilização é estar numa sociedade em que tudo pode ser satirizado. Tudo! Acredito mais nisto que em eleições. O meu próprio sentido de humor depende em grande parte de insultar amigos, é um tique conhecido. Mas se um dia levar um murro nos cornos, é porque talvez tenha ido longe demais. Não percebo bem a parte em que tenho que achar graça a tudo sob pena de ser reaccionário. O próprio Michael Richards tinha pessoas a rir quer enquanto insultava aqueles tipos, quer quando pedia desculpa. Preferia poder rir só quando achasse piada a uma piada e não porque um comediante subiu a palco.

Se não formos exigentes com os melhores rapidamente ficaremos sem o Sacha Baron Cohen, sem Gato Fedorento, sem Office ou o que quer que seja que de facto nos faz ter ataques de asma.

1 comentário:

proletario disse...

Por uma vez na vida, subscrevo na íntegra o que o senhor escreve. Pena é o maradona estragar a vida a quem quer que o "linque" (como é que esta porra se diz?). Faz lembrar o famoso futurista Santa Rita Pintor, homem que só deixou dois quadros para a posteridade e porque alguém se esqueceu de cumprir a sua ordem de os destruir. Será que o maradona também se veste de Arlequim?