Vi a final de ontem em circunstâncias excepcionais. Em primeiro lugar dei por mim a torcer genuinamente por uma das equipas, felizmente para mim por mais duas razões do que a de vingança (que existia e muito). Em primeiríssimo lugar por ter um par de amigos italianos que moram em Lisboa. Era razão suficiente para ter engolido qualquer tipo de despeito se tivesse sido necessário. Desejaram sempre estes italianos, de coração, ver Portugal na final com eles, como aliás eu próprio o fiz (penso que nenhum de nós sabia no que se estava a meter ao pedir tal desígnio). E num muito distante segundo, embora penso que empatado com o despeito por termos perdido com a França, o facto de gostar da competência italiana a jogar futebol, e neste Mundial portaram-se bem sempre que foi necessário.
Combinados de boca em boca, dei por mim a encontrar com dificuldade um largo muito fechado perto da Voz do Operário, o Largo de Santa Marinha, com um muito artesanal ecrã onde seria projectado o jogo. Muitas bandeiras italianas, muitos italianos e italianas, cadeiras organizadas, uma banca com cerveja e bifanas (tudo a um euro e meio). Gente a jogar com uma bola azul enquanto esperavam, muitos jornais cor-de-rosa grandes. Nenhum francês, que eu notasse.
O primeiro apontamento foi notar que eu possuía a maior barriga de todo o largo e embora pudesse até ser a pessoa mais alta presente, não era nada que se pudesse assegurar com certeza. As muitas italianas, para além de inacreditavelmente giras vestiam a roupa mais simples que se pudesse imaginar. Entre o ligeiramente freak e a t-shirt e calça de ganga. Mas com cabelos que só vi em casamentos e rostos que, foi-me afiançado por quem sabe destas coisas, estariam preparados para uma sessão fotográfica de emergência que eventualmente surgisse naquele local ao intervalo. Alguns dos gajos com a bola pareciam saber o que faziam, mas não todos.
Durante todo o jogo tive alguma inveja por tudo aquilo. Imagino que seja mais fácil a festa tornar-se enorme quando estamos no estrangeiro, mas era mesmo um ambiente impressionante. Percebi, agora que prestei atenção, que há uma parte do hino em que se deve gritar 'Vitória' a plenos pulmões, um pouco como o nosso 'às armas', pensei, mas cantado de uma forma ligeiramente diferente, não sei dizer muito bem como. Havia tachos, apitos e buzinas e todo o tipo de dispositivos para fazer barulho o que me assustou um pouco a princípio, mas sem razão. Rapidamente percebi que os italianos gostam de ver futebol. Eles e elas, comentam com calma, entusiasmam-se muito, gritam e apitam sempre no momento certo. Não ligam puto às repetições (pelo menos a centena que lá estava) e em nenhum momento tinham dúvida se era falta, fora-de-jogo, bom ou mau remate. Quando o Materazzi marcou o golo eu tinha ido buscar cerveja e estava de frente para a multidão que explodia, como todas explodem e já eu próprio comemorava o golo como se fosse meu. Apesar de tudo, o Materazzi continuava pouco apreciado (penso que não há adeptos do Inter) e mesmo no momento de expulsão do Zidane, muito comemorada, ninguém louvou a provocação que Materazzi terá feito (faziam-se especulações interessantes, no entanto).
Entregue a taça e o largo rapidamente esvaziou. À medida que a bandeira de três por quatro metros feita em casa ia descendo a rua em direcção à Baixa, ia saindo de nós os que ficámos lá em cima, a sensação de ser estrangeiro que durou aquelas três horas e voltava a normalidade (de domingo, ainda por cima), não sem antes ouvir às pessoas da banca que lhes comprássemos as bifanas que tinham sobrado, o que acedemos a fazer, depois de devidamente regulado o preço pela sempre fiel lei da oferta e da procura.
Combinados de boca em boca, dei por mim a encontrar com dificuldade um largo muito fechado perto da Voz do Operário, o Largo de Santa Marinha, com um muito artesanal ecrã onde seria projectado o jogo. Muitas bandeiras italianas, muitos italianos e italianas, cadeiras organizadas, uma banca com cerveja e bifanas (tudo a um euro e meio). Gente a jogar com uma bola azul enquanto esperavam, muitos jornais cor-de-rosa grandes. Nenhum francês, que eu notasse.
O primeiro apontamento foi notar que eu possuía a maior barriga de todo o largo e embora pudesse até ser a pessoa mais alta presente, não era nada que se pudesse assegurar com certeza. As muitas italianas, para além de inacreditavelmente giras vestiam a roupa mais simples que se pudesse imaginar. Entre o ligeiramente freak e a t-shirt e calça de ganga. Mas com cabelos que só vi em casamentos e rostos que, foi-me afiançado por quem sabe destas coisas, estariam preparados para uma sessão fotográfica de emergência que eventualmente surgisse naquele local ao intervalo. Alguns dos gajos com a bola pareciam saber o que faziam, mas não todos.
Durante todo o jogo tive alguma inveja por tudo aquilo. Imagino que seja mais fácil a festa tornar-se enorme quando estamos no estrangeiro, mas era mesmo um ambiente impressionante. Percebi, agora que prestei atenção, que há uma parte do hino em que se deve gritar 'Vitória' a plenos pulmões, um pouco como o nosso 'às armas', pensei, mas cantado de uma forma ligeiramente diferente, não sei dizer muito bem como. Havia tachos, apitos e buzinas e todo o tipo de dispositivos para fazer barulho o que me assustou um pouco a princípio, mas sem razão. Rapidamente percebi que os italianos gostam de ver futebol. Eles e elas, comentam com calma, entusiasmam-se muito, gritam e apitam sempre no momento certo. Não ligam puto às repetições (pelo menos a centena que lá estava) e em nenhum momento tinham dúvida se era falta, fora-de-jogo, bom ou mau remate. Quando o Materazzi marcou o golo eu tinha ido buscar cerveja e estava de frente para a multidão que explodia, como todas explodem e já eu próprio comemorava o golo como se fosse meu. Apesar de tudo, o Materazzi continuava pouco apreciado (penso que não há adeptos do Inter) e mesmo no momento de expulsão do Zidane, muito comemorada, ninguém louvou a provocação que Materazzi terá feito (faziam-se especulações interessantes, no entanto).
Entregue a taça e o largo rapidamente esvaziou. À medida que a bandeira de três por quatro metros feita em casa ia descendo a rua em direcção à Baixa, ia saindo de nós os que ficámos lá em cima, a sensação de ser estrangeiro que durou aquelas três horas e voltava a normalidade (de domingo, ainda por cima), não sem antes ouvir às pessoas da banca que lhes comprássemos as bifanas que tinham sobrado, o que acedemos a fazer, depois de devidamente regulado o preço pela sempre fiel lei da oferta e da procura.
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