terça-feira, dezembro 27

E por falar em sobrevalorizados...

Aproveitando o balanço de fim de ano que se costuma efectuar por esta altura, tenho andado a ver alguns filmes recentes que fazem parte do Top 250 do IMDb. Devo dizer que, até agora, nem o facto de estarem ainda mais ou menos frescos na mente das pessoas que os viram se faz compreender como é que tanta gente acha piada a esses filmes. É bem verdade que tenho alguma predilecção por cinema mais antigo, mas porra! Será que as pessoas só viram uns 10 filmes na vida, sendo metade deles do Steven Seagal? Vamos a isso, então:

Hotel Rwanda - #49 - Muito bem, o Schindler's List está em 6º e eu já não o vejo há tempo suficiente para reclamar que também este está sobrevalorizado, mas isto não é suficiente para perceber por que razão este remake está tão bem cotado. A história é praticamente idêntica, mas substituindo-se os alemães pelos Hutus e os judeus pelos Tutsis. O Schindler deste filme é, obviamente, um Hutu, e sinceramente o seu desempenho é a única coisa que mantém este filme um nadinha à tona de água. De resto, todos os lugares-comuns estão lá, desde o herói relutante ao princípio até aos vilões que são piores do que... nazis? Junte-se uma história mais pobrezinha (tal como a região, aliás) a querer ser mais épica do que é e um bocado de culpabilização colectiva do mundo ocidental e está pronto a servir.

The Incredibles - #73 - O filme (já não são desenhos) de animação mais espectacular (incrível, até) de sempre, e mais não sei quê... uma mega-campanha publicitária a demonstrar como a Pixar desmontou e renovou os lugares-comuns... bonecada por todo o lado, e afinal temos aqui um filme básico. Três actos, um prólogo e um epílogo, e como é da praxe, começa em grande para depois se espatifar ao comprido na parte final. O prólogo é realmente muito bom (e a única ocasião em que os lugares-comuns são efectivamente apontados e gozados), o 1º acto ainda tem bastante força, mas começa a falhar no 2º quando a super-família se reúne no combate ao mal e no 3º acto vai tudo literalmente com os porcos, consistindo simplesmente num mega-combate cheio de ultra-explosões digitais. Ainda por cima, os tais lugares-comuns regressam em força, mas desta vez involuntariamente (ou não...). O mundo está a salvo pelo menos até ao epílogo, que deixa, obviamente, em aberto a possibilidade de uma sequela.

Crítica final conjunta: Não sendo a pior merda do mundo, também não dão tusa nenhuma. Aconselhados para aquelas tardes chuvosas como boa alternativa a coçar os tomates. Com o bónus de que estas actividades não são mutuamente exclusivas

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