sexta-feira, setembro 9

No outro dia...

…. (na outra noite, aliás) fui ver a Mariza a Belém só para ouvir como é que o Morelenbaum dava a volta ao Fado. Devo dizer que não deu a volta por cima. Assim, a modos que contornou. Sem esforço. Portanto, sem glória, como é bom (ou mau) de ver e ouvir. O tão badalado momento alto de acompanhamento a solo no violoncelo acabou por ser um momento baixo de desinspiração para ambos. A quantas léguas ultra-marinas ficámos, meu dEUS, do Mano a Mano do Gardel na voz do Caetano. O fado menor foi mal escolhido, Jaquinho limitou-se a arpejar os acordes e ela parecia perdida sem o contratempo da viola. Ah, pois é! Isto não é para todos, minha amiga.

Verdade seja dita, nem tudo foi mau. O som estava bem bom, o Zé Salgueiro e sua arrufada deram-lhe com força no Barco Negro e a Torre estava “♪ TODA ♪ ILUMINADA♪”…. E aquele Luís Guerreiro na guitarra portuguesa, caramba! As caras que o homem faz... Parecia o Estevães… Mas é o melhor e mais original guitarrista que vejo há muito tempo. Atentem no rapaz! E, como morador da Mouraria, não posso deixar de apreciar uma homenagem ao Rei Fernando Maurício…

Mas no fim da noite, enquanto dava a volta em Algés porque o trânsito estava um caos, chegou-me o cheiro a logro. A tal entrada livre saiu cara a toda gente que levou carro pois a PSP não se furtou a multar-nos como gente grande. Nós sim, porque eu também fui privilegiado com um autógrafo do agente Fonseca da 6ª Esquadra de Lisboa. E a Mariza (e a sua mega-editora) vão lucrar milhões à pala do DVD que dali sair. Até parece que os oiço a conspirar: “a gente não lhes cobra nada, eles aparecem aos milhares todos contentes, não lhes damos lugares nenhuns para estacionar, pela barulha das luzes lançamos-lhes as brigadas para autuá-los à fartazana, vocês registam as multidões de típicos e ingénuos portugueses em apoteose em DV e todos ficam a ganhar!!” Todos menos o povo.

Tudo muito triste. Tudo demasiado fado. “♪ PAM… ♪ PAM!♪”….

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