O facto de estar a trabalhar enquanto decorre o Mundial de Atletismo é culpa exclusivamente minha por não ter planeado férias devidamente. Os meus dias vivem agora da dualidade entre querer saber rapidamente os resultados no site ou esperar e ver à noite a repetição das provas que a Eurosport faz o favor de transmitir. Podem as pessoas pensar que isto é uma vida vazia se esta é a dualidade que me atormenta mas posso descansar-vos. Há outras.
Um exemplo. Hoje dá-se a final dos 3000m barreiras, homens, prova onde se destacaram nas meias-finais quenianos-quenianos e quenianos-qatarianos (do Qatar). Que questão se levanta aqui (sobretudo para um natural de um país que torce por uma pessoa nascida na Nigéria)? Estes quenianos foram contratados com pensão vitalícia pelo Qatar e representam agora este país. Esta situação, numa visão mais romântica da competição entre países, pode ser contraproducente em termos de audiências no futuro, se os países deixarem de ser selecções e passarem a ser clubes (na verdade há quatro biliões de pessoas a ver o mundial, este argumento serve só para encher texto). É claro que é muito mais importante que, graças a este pequeno desvio, possam estar quatro dos melhores atletas do mundo na prova dos 3000m barreiras e não três, que é o limite por país. Por outro lado vai evitando que entrem em competição (ocupando evidentemente lugar) pessoas cujo recorde pessoal de 100m é 13,50 e tal segundos, como vi algures numa eliminatória feminina.
Na verdade só queria dizer que me incomoda perder provas e incomoda-me perder finais como me vai acontecer hoje. Mesmo amanhã terei que me deslocar a um café e convencer o dono a mudar de canal (bom, como é o Rui Silva aquilo deve estar a dar na dois). Vale-me que em 2007 o mundial é em Osaka (GMT +9) e sempre posso ver, ainda que abdicando de dormir.
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