terça-feira, abril 26

Louvemos o Bento, ou balanço de uma semana de papa

Desatou para aí uma onda herege de ataque inusitado no novo Papa. A meu ver, há sólidas razões para acreditar na bondade do homem. Senão vejamos: No seu primeiro discurso público o homem disse que trabalhava na vinha do Senhor. Pois isto é importante. O Bento podia ter dito que trabalhava na padaria do Senhor, podia até, tendo em conta as suas origens, afirmado que laborava na cervejaria do Senhor. Mas não, escolheu o trabalho da parreira, esteio das nações mais civilizadas. O novo papa tem ainda outra vantagem: é um aldrabão medíocre, daqueles que nunca conseguirá fazer passar as costumeiras tangas do Vaticano. Disse a Santidade aos seus compatriotas que o visitaram em Roma que, antes do enclave, considerava já ter completado o seu trabalho pela causa do Senhor. Diz ele que esperava acabar os seus dias liberto de pesadas responsabilidades. Quando se apercebeu das votações, sentiu que a "guilhotina" se precipitava sobre a sua cabeça. Não é bonito ter um papa assim, modesto, humilde e com tão pouco jeito para a patranha? O argumento derradeiro para se gostar da figura é o facto de ter 78 anos. Agrade ou não, com os dois episódios cardíacos que já tem para contar, e expectável que o Bento não ande por cá muito tempo. Ou seja, os seus detractores não terão muita oportunidade de cultivar o ódio à figura. Louvemos pois o Bento, não vá essa história do céu e do inferno ser mesmo verdade...

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